quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Ser criativo a partir da quietude



Eu tenho feito um bocado de coisas estressantes na minha vida, e sim, às vezes meus nervos ficaram realmente em frangalhos. Como musicista clássica, e agora como diretora de ópera, eu tenho que ter o meu melhor desempenho, na frente de muitas pessoas, com uma chance somente de fazer o certo.

Ás vezes eu era um sucesso e ás vezes um desastre, e eu costumava basear minha felicidade em realizar a primeira opção. Eu fazia isso ao me preparar durante horas, planejando com perfeição, me assegurando que eu poderia fazer isso em meu sono. Então eu rezaria por um toque mágico de inspiração. Miraculosamente, muitas vezes vinha, mas era uma maneira exaustiva de viver, e apesar dos meus sucessos, um medo subconsciente de fracasso circulava na minha cabeça. Agora, depois de aprender a ser íntima com a quietude interior, mudei totalmente minha maneira de trabalhar.

Ao mesmo tempo em que eu estava fazendo minha Maestria no curso do Ser com os Ishayas, eu completei minha formação como diretora de ópera, o que foi a realização de um sonho. A tarefa de diretora é complexa. Ela decide se a ópera se realiza em um sombrio porão de 300 anos, em um moderno edifício de escritórios, ou em um bordel francês dos anos 20. Seu trabalho é saber se um personagem está mentindo ou dizendo a verdade, ou se ele secretamente está apaixonado por sua tia, e é o trabalho dos diretores inspirar todos a expressar isso da melhor maneira possível.

Como recém formada diretora de ópera, dirigi uma ópera para crianças de escola. Nesse período, eu estava desenvolvendo uma experiência bem estável de paz interior, e um pouco antes de começarmos a ensaiar, passei 6 semanas em um retiro de Ascensão e reconheci que eu poderia escolher esta paz a qualquer tempo. Então, voltei para o teatro de ópera com a intenção de realizar meu trabalho a partir deste espaço.

Foi uma experiência totalmente mágica. Eu estava calma, fluindo, espontânea e em controle da situação. Eu interagia com os cantores de uma maneira completamente nova, uma vez que eu estava realmente ali, presente ao que me era dado no momento. Nós nos divertimos tanto juntos! E o mais incrível foi que isto era feito sem planejamento. Não estou dizendo que eu não estava preparada, afinal eu mesma tinha realizado este trabalho, mas não planejava cada pequeno detalhe. Eu não estava planejando à frente na minha mente, como costumava fazer, sempre me preparando para o que eu ia fazer nos próximos cinco minutos. Eu estava presente. Era maravilhoso. Se de repente eu não sabia o que fazer, eu levava cinco segundos e me concentrava interiormente, e aí estava, uma idéia nova.

Ocasionalmente os antigos hábitos de controle vinham me visitar. Eu ainda estava me agarrando às velhas maneiras de tentar fazer tudo perfeitamente. Ás vezes ainda acreditava que se algo desse “errado”, era falha minha ou que eu não estava à altura da tarefa. Ás vezes eu era atacada pelo medo e ficava toda a noite planejando o dia seguinte, como sempre costumava fazer. O dia seguinte não era nem um pouco divertido, e após um curto período, voltei ao plano A: Ficar quieta, e ver o que acontece. Funcionou como mágica! Ficou muito claro para mim que a melhor coisa que eu podia fazer era me render à quietude e ver o que acontecia a seguir. Preocupar-me simplesmente não funcionava.

As pessoas começaram a notar como eu estava calma, em meio ao caos de um teatro de ópera às vésperas de uma estréia. Meus dias eram um fluxo constante de decisões a serem tomadas; que iluminação você quer aqui? Ela pode usar esses sapatos? O que o meu personagem sente agora mesmo? Eu fiz coisas que jamais tinha feito antes, criando cenografia nova, tirando fotos para serem projetadas em telas gigantes nas paredes, colaborando com todos no teatro. E simplesmente me diverti, decidindo sem medo de cometer erros, confiando nos impulsos que eu recebia da minha fonte interior.

Os cantores confiaram em mim, o pessoal confiou em mim, e estou certa de que eles foram influenciados por minha estabilidade. Na verdade a produção inteira foi influenciada por ela. A atmosfera era alegre e grata. Desde o primeiro dia, todos os envolvidos tiveram uma crença forte nesta produção, e eu honestamente não posso lhe dizer porque, a não ser que eu mesma estava sem medo de fracassar. Porque eu tinha percebido que minha felicidade não depende do exterior. A felicidade reside internamente, e o exterior é um grande playground onde todos nós nos divertimos.

Texto de Hiranya 
www.portugues.thebrightpath.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Um ponto dentro de você

A sabedoria dos filmes